3 de fevereiro de 2014

Pondo os números (de docentes) no mapa (8)...

Nos dias que correm a educação em Portugal é motivo de escrutínio público. Escrutínio esse que nos é muitas vezes imposto sem que tenhamos informação completa sobre alguns números. Decidi comparar países membros da União Europeia no que refere ao número médio de alunos que um professor tem a seu cargo. Para tornar a coisa mais interessante, dividi o exercício cartográfico de acordo com três pilares fundamentais do sistema educativo; nomeadamente, ensino básico, secundário e superior. Todos os números são referentes ao ano de 2011, excepto quando devidamente assinalado. Os dados foram obtidos no site PORDATA, secção de educação.

Iniciamos a nossa ronda Europeia com o número médio de alunos por docente no 3º ciclo do ensino básico, isto é, 7º,8º e 9º anos. O tom das cores é ordenado do seguinte modo. Tons claros indicam um número baixo de alunos por docente, tons escuros indicam o inverso, ou seja, um número relativamente alto de alunos por docente. A Dinamarca, com uma média de "apenas" 4 alunos por docente, é o país da União Europeia com a rácio de alunos por docente mais baixo. Infelizmente os dados para a Dinamarca só estão actualizados até ao ano 2007 (ano usado no mapa). No extremo oposto temos a França, Reino Unido, Holanda e Bulgária com mais de 12 alunos por docente. Portugal, com aproximadamente 10 alunos por docente, alinha pela média Europeia, juntamente com Áustria e Suíça. Números para Grécia e Irlanda são referentes aos anos de 2007 e 2003 respectivamente.
Os números referentes ao ensino secundário mostram um Portugal no grupo de países com melhores rácios de alunos por docente, assumindo claro que menos alunos por docente é coisa boa, algo que não é de todo linear. Com uma média de 9 alunos por docente, Portugal só é "batido" por Luxemburgo, Irlanda e Grécia. Para esta última os números são referentes a 2007. Holanda, Alemanha e Finlândia apresentam dos números mais elevados da União Europeia, todos na casa dos 15 alunos por docente. Estes rácio de alunos por docente é cerca de 60% superior ao verificado em Portugal. 
Finalmente chegamos ao último pilar do sistema de ensino, o ensino superior. Uma vez mais Portugal apresenta-se no grupo de países com os números mais baixos de alunos por docente. Na verdade, se ignoramos o grande aglomerado de língua Germânica constituído pela Alemanha, Suiça e Áustria, Portugal aparece como o quarto melhor registo de alunos por docente nos países aqui analisados. No polo oposto aparece a Roménia, com aproximadamente 29 estudantes universitários para cada docente. De salientar que para a Estónia e Grécia os números são de 2004 e 2007 respetivamente. Para Luxemburgo e Irlanda os dados são de 2010.

O que aprendemos com este exercício? Que Portugal se apresenta como um dos países da Europa com melhor rácios de alunos por docente. Isto independentemente do foco ser o ensino básico, secundário ou superior. Admitindo que menos alunos por professor é algo positivo, porque teima Portugal a ocupar lugares perfeitamente medianos em avaliações internacionais de performance escolar? Porque temos que aparecer consistentemente atrás de França, Holanda e Reino Unido quando temos em média mais professores por aluno? Não existirão pois motivos para Nuno Crato estar preocupado com os graus de exigência praticados em escolas superiores? Uma vez mais, não está aqui implícita nenhuma causalidade, isto é só e apenas um exercício cartográfico de reflexão.

 

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