30 de setembro de 2008

A biologia semântica de um tomate...

O sol moldava as nossas sombras contra um chão semi-árido. Imóveis e sublimes, brotavam da terra frágeis caules verdes que com grande súplica iam crescendo, trepando a custo as estéreis estacas de madeira.

A cada dentada perfilam nas minhas gengivas água e minerais arrancados a ferros do solo mediterrâneo endurecido pelo clima impiedoso. Rebolam nos meus dentes fibras de tecido vegetal originados de meristemas impulsionados a frutose, glucose e aminoácidos dicarboxílicos... Comprimo na minha boca celulose, hemicelulose, ácido málico, lípidos e proteinas. Ingiro àcido cítrico e pantoténico com uma pitada de complexo B6 e biotina... No inferno ácido do meu estómago desnaturo enzimas e cadeias de DNA, quebro ligações entre componentes de onde retiro a energia para mais uma dentada. A cada dentada vou consumindo desmesuradamente o resultado da fotossíntese movida a fotões provenientes de uma fusão nuclear originada no sol...

Comer um simples tomate é apenas um passo de uma extraordinária cadeia de eventos químicos e físicos orquestrados por leis que ainda não compreendemos na sua plenitude. Comer um tomate é reciclar matéria de um cíclo natural ocorrido num sistema quase fechado, é incorporar em nós elementos que outrora foram solo, luz e até outros animais...

Maravilhoso Mundo exorbitante, onde até o simples tomate que partilho com a Jonna Timonen é portador de uma história tão complexa e incrível...

1 comentário:

Anónimo disse...

Tás a ficar muita Xóninhas lá nas Terras Germânicas...Isso era mazé largar o Tomate e comer a Timonen :) Se o Zézé Camarinha vê isto até se rebola a rir :)

Aquele abraço para ti companheiro

Trans - Siberiano