2 de agosto de 2007

Cuba Libre...

( in Público - Habitantes de Havana esperam na fila para o pão, um dos muitos rituais de sobrevivência a que os cubanos se habituaram.)

"Cuba Libre" Para muitos é apenas o nome de uma popular bebida, para outros é um lema que se tornou sinónimo de orgulho e de pobreza.

Encontro poucos países no Mundo tão irónicos como Cuba. A história recente desta ilha é indissociável da história de um homem nascido a 13 de Agosto de 1926 numa plantação de açúcar em Bíran de seu nome Fidel Alejandro Castro Ruz. É em 1959 que a ironia começa, Fidel Castro lidera o golpe de estado para derrubar o então ditador Fulgencio Batista. Imaginem só, um ditador derrubado por outro. Irónico não? Os anos passaram e Fidel ganhou popularidade com o golpe de estado. Em 1965 é eleito presidente do partido comunista Cubano e em 76 Fidel é proclamado Presidente de Cuba e chefe supremo das forças armadas. A história depois já todos conhecem. Entra Fidel saem os Americanos, uns embargos económicos pelo caminho, uns quantos mísseis “emprestados” pelo Nikita Kruschev e qual é o resultado final de tudo isto? Fidel, sempre Fidel de pedra e cal no governo de Havana. Parece que só mesmo o tempo o vai derrotar.

À um ano atrás Fidel deu entrada no hospital para uma intervenção cirúrgica, entrou e nunca mais saiu. Já se fala (imagine-se) em eleições para Cuba, é claro que este conceito de eleições é diferente do conceito que nós temos. Esta história toda poderia ser irrelevante se, uma vez mais, não estivéssemos a falar de Cuba, a capital da Ironia… Aparentemente o povo Cubano gosta do seu líder, aparentemente não se importam com a escassez de recursos, aparentemente até nem se importam de providenciar um lugar de tortura para os prisioneiros do inimigo (leia-se Guantánamo e EUA). Aparentemente o povo Cubano é feliz sobre o lema de Cuba Libre, ou então sobre o tema “Pátria ou morte, socialismo sempre”. Sendo uma país socialista a educação (seja ela qual for) é gratuita e os cuidados de saúde são tarefa exclusiva do estado. No entanto, após a queda da URSS a economia Cubana teve uma recessão devido à extrema dependência (reparem bem na ironia uma vez mais, dependência de Cuba Libre) das trocas comerciais entre Cuba e a tal malta dos mísseis. Recentemente Fidel encontrou outro amigo de seu nome Chaves. Chaves é o "Bom Samaritano" dos regimes de esquerda… Visita Fidel, calça-lhe as pantufas e acena ao povo de Cuba Libre ao mesmo tempo que passa uns barris de petróleo por debaixo da mesa. Aparentemente o povo Cubano tem educação mas não tem pão para comer, aparentemente o povo Cubano tem cuidados de saúde mas não tem casa, aparentemente o povo Cubano gosta do seu líder mas tem como passatempo preferido arranjar uma bóia e ir nadar para o Atlântico em busca de uma vida melhor, “Pátria ou morte"?, pelos vistos alguns preferem morte. Vivemos então no aparentemente. Cuba Libre a que preço? Liberdade de quem? Das pessoas? Penso que não... Ou de um líder?

Livres do imperialismo, do capitalismo?

Livres de quê afinal?

1 comentário:

Nandita disse...

Ontem vi a reportagem da RTP sobre as condiçoes de vida em Cuba... é triste, sob a máscara da igualdade de direitos e de oportunidades, esconde-se o regime mais opressor que se pode imaginar... Ficámos todos de boca aberta,cá em casa, pelo retrato tão cru, tão honesto que se traçou...
Apesar de tudo, viva Portugal! (ok, sem a ministra da educação e o seu excesso de zelo... e tal)

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